Luis Felipe Miguel: “A indiferença diante da dor é a marca da desumanização”

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A escultura da foto se chama “A arquitetura da empatia”, do britânico John Isaacs, parte do acervo do Palais des Beaux-Arts de Lille.

É a Pietà de Michelângelo coberta por um véu. O recado não tem mistério: devemos olhar para a dor dos outros – e a dor de uma mãe (ou pai) que perde o filho é o ponto mais agudo do sofrimento humano – sem fazer distinções.

A indiferença diante da dor é a marca da desumanização. Foi o que os nazistas fizeram com os judeus, os romá (ciganos) e tantos outros povos. É o que os sionistas e seus aliados fazem com os palestinos.

As crianças palestinas continuam sendo mortas – por bomba, tiro, fome, falta de medicamento. Os soldados de Israel protagonizam cenas de barbárie a cada dia.

A guerra, dizem, é contra o Hamas em Gaza. Como explicar a morte de dezenas de milhares de civis? Como explicar sucessivas ações terroristas de Israel na Cisjordânia, contra palestinos de grupos opostos ao Hamas?

Há um genocídio em curso. Israel nem se preocupa em disfarçar muito. Conta com a ajuda da mídia ocidental, que age como parte de sua campanha de propaganda e desinformação.

(Ainda assim a Globo é um ponto fora da curva. Não porque o lobby sionista seja mais forte aqui, mas porque o padrão de desfaçatez da imprensa é bem mais dilatado.)

E, como retaliação à decisão da Corte Internacional de Justiça contrária a Israel, os países da América do Norte e da Europa decidiram asfixiar a agência da ONU que dá assistência aos refugiados palestinos.

É uma declaração pública de que essas vidas não importam. De que esse sofrimento não gera nada além de indiferença.

É o horror.

“A arquitetura da empatia”, do britânico John Isaacs, parte do acervo do Palais des Beaux-Arts de Lille. Foto publicada por Luís Felipe Miguel.

 

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